A locução adverbial
de frente, que poderá encontrar no verbete
frente do Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, significa "de
face", "com a parte dianteira à mostra" (ex.: vira-te de frente para eu te ver
melhor) ou "sem medo" (ex.: olhou os problemas de frente e tentou
resolvê-los). A palavra
fronte, pelo contrário, não forma nenhuma locução de fronte. Por
tradição lexicográfica, é usado o advérbio
defronte (ex.: ele mora neste prédio e o irmão vive defronte), que
significa "em posição frontal" ou "na parte dianteira de algo" e é sinónimo da
locução em frente (ex.: ele mora neste prédio e o irmão vive em frente).
Paralelamente, o advérbio defronte pode ainda formar locuções
preposicionais como defronte a ou defronte de (ex.: o hotel está
defronte ao mar; os estudantes manifestar-se-ão defronte do ministério),
que são sinónimas das locuções à frente de, em frente a e em
frente de (ex.: o hotel está em frente ao/do mar; os estudantes
manifestar-se-ão à frente do ministério).
Dever-se-á escrever "A presença e a opinião dos pais é importante." ou "A presença e a opinião dos pais são importantes."?
Em português, regra geral, o sujeito composto por uma estrutura coordenada do
tipo que refere (sintagma nominal “e” sintagma nominal) implica
concordância verbal no plural, pois remete geralmente para um conjunto de
entidades. Por essa razão, a frase “A presençaea opinião
dos paissão importantes” está correcta.
No entanto, dado que a concordância com verbos copulativos (sobre este assunto,
pode consultar também a resposta
verbo predicativo ser) e com constituintes coordenados é uma área
problemática em português, muitos falantes considerarão a frase “A
presença e a opinião dos paisé importante” como gramatical. Isto acontece
provavelmente devido à proximidade de um componente singular do sujeito composto
junto do verbo (“a opinião dos pais é importante”) ou por um fenómeno de
concordância lógica motivado por uma unidade semântica (“uma acção [que
engloba a presença e a opinião] dos pais é importante”). Este último
argumento é facilmente perceptível se eliminarmos o constituinte “dos pais”,
que levará a maioria dos falantes a aceitar apenas a concordância no plural (“A
presença e a opinião são importantes” por oposição a “*A presença e a
opinião é importante” [o asterisco indica agramaticalidade]).
Resumindo, pode dizer-se que existe uma regra geral, a da concordância do
sujeito composto com o plural, que, neste caso, não impede a aceitabilidade de
concordância no singular. Note-se que esta é uma área onde os juízos de
gramaticalidade de falantes e gramáticos variam, muitas vezes por razões de
interpretação semântica. Em qualquer caso, a frase “A presença e a opinião
dos pais são importantes” nunca poderá ser considerada incorrecta, enquanto
a construção “A presença e a opinião dos pais é importante” poderá ser
polémica ou discutível.