Gostaria de saber a diferença de sentido das frases: São hipóteses que conduzem à investigação
adiante. e São hipóteses que conduzem a investigação adiante.
Na primeira frase apresentada (São hipóteses que conduzem à investigação adiante) há utilização da
crase da preposição a (que introduz o complemento indirecto locativo
do verbo conduzir) com o artigo definido a, que caracteriza o
substantivo investigação como realidade bem determinada. Esta frase pode
ser parafraseável por ‘são hipóteses que levam à investigação a seguir
explicitada e não a qualquer outra’.
A segunda frase (São
hipóteses que conduzem a investigação adiante) apresenta uma
ambiguidade estrutural. Se se considerar que há utilização apenas da preposição
a (que introduz o complemento indirecto locativo do verbo conduzir)
sem o artigo definido, a estrutura é muito semelhante à da primeira frase, sendo
que a ausência do artigo definido indetermina o substantivo investigação.
Esta interpretação pode ser parafraseável por ‘são hipóteses que levam a uma
investigação entre outras possíveis’. Se, por outro lado, se considerar que há
utilização apenas do artigo definido a, já não se tratará de um
complemento indirecto locativo, mas de um complemento directo do verbo
conduzir no sentido de ‘dirigir ou governar’. Esta interpretação pode ser
parafraseável por ‘são hipóteses que dirigem a investigação para diante’.
As três estruturas acima explicitadas podem ser mais claramente distinguidas,
pela mesma ordem, com frases em que os complementos do verbo conduzir
correspondam a um masculino plural, para que não haja ambiguidade em nenhuma
frase. Por exemplo, São guias que conduzem aos cumes da
montanha pode ser exemplo de utilização da crase da preposição a com
o artigo definido os. A frase São guias que conduzem a
cumes da montanha pode ser exemplo da utilização apenas da preposição a
sem artigo definido. Na frase São guias que conduzem os
montanhistas há apenas a utilização do artigo definido os, pois esta
acepção do verbo conduzir permite a utilização de um complemento directo,
sem qualquer preposição.
Em palavras como emagrecer e engordar as terminações -er e -ar são sufixos ou desinências verbais de infinitivo? Se são o último caso, essas palavras não podem ser consideradas derivações parassintéticas...ou
podem?
As terminações verbais -er e -ar são compostas pela junção de -e- (vogal temática da 2.ª conjugação) ou -a- (vogal temática da 1.ª conjugação), respectivamente, à desinência de infinitivo -r. Destas
duas terminações, apenas -ar corresponde a um sufixo, pois no português
actual usa-se -ar para formar novos verbos a partir de outras palavras,
normalmente de adjectivos ou de substantivos, mas não se usa -er. Apesar
de os sufixos de verbalização serem sobretudo da primeira conjugação (ex.: -ear
em sortear, -ejar em relampaguejar, -izar em
modernizar, -icar em adocicar, -entar em aviventar),
há alguns sufixos verbais da segunda conjugação, como -ecer. Este sufixo
não entra na formação do verbo emagrecer, mas entra na etimologia de
outros verbos formados por sufixação (ex.: escurecer, favorecer,
fortalecer, obscurecer, robustecer, vermelhecer) ou por
prefixação e sufixação simultâneas (ex.: abastecer, abolorecer, amadurecer,
empobrecer, engrandecer, esclarecer).
Dos verbos que menciona, apenas engordar pode ser claramente considerado
derivação parassintética, uma vez que resulta de prefixação e sufixação
simultâneas: en- + gord(o) + -ar. O verbo emagrecer
deriva do latim emacrescere e não da aposição de prefixo e sufixo ao
adjectivo magro.