Numa pesquisa no Google, encontrei várias vezes a expressão "há espera", por exemplo: "torneios há espera de concorrentes". É correcto dizer "há espera"? Não será "à espera"?
No contexto que refere, deverá ser utilizada a locução prepositiva à espera de, que significa “aguardando por” (torneios à espera de concorrentes) e que poderá encontrar registada, por exemplo, no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, que também regista a locução adverbial à espera (Ex.: os doentes já estão à espera há muito tempo). Esta locução tem estrutura semelhante a muitas outras locuções prepositivas em português (contracção da preposição a com o artigo definido a seguida de substantivo feminino e da preposição de), como, por exemplo, à beira de, à conta de, à disposição de, à frente de. A expressão há espera poderá apenas ser usada em contextos onde se pretenda dizer que "existe uma espera" (ex.: nos acessos à ponte há espera prolongada).
Qual a função sintáctica de «a médico, confessor e advogado» na frase «a médico, confessor e advogado nunca enganes»:
A.
complemento indirecto
B.
complemento directo
C.
sujeito
A frase que refere é em tudo semelhante à que é apresentada na Nova
Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra
(Lisboa: Ed. João Sá da Costa, 1998, 14.ª ed., p. 143), como exemplo de uma
frase com objecto (ou complemento) directo preposicionado. O constituinte
sintáctico a médico, confessor e advogado desempenha aqui a função de
complemento directo, ainda que preposicionado, pois, se por regra o complemento
directo não é introduzido por preposição, neste caso, e segundo a mesma
gramática, “o emprego da preposição não obrigatória transmite à relação um vigor
novo, pois o reforço que advém do conteúdo significativo da preposição é sempre
um elemento intensificador e clarificador da relação verbo-objecto” (p. 555). Os
complementos directos preposicionados contêm normalmente a preposição a
e são estruturas algo raras na língua actual; têm como principal função a
desambiguação dos constituintes, especialmente quando há inversão da ordem
canónica ou elisão do verbo (ex.: ao médico enganou o rapaz e
ao confessor a rapariga), ou a ênfase de um constituinte,
normalmente em estruturas ligadas a verbos como adorar, amar,
bendizer, estimar (ex.: os crentes amam a Deus;
estima muito aos teus pais).